quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ílhavo, dos Ílhavos, vista de fora


Ílhavo é uma “terra” que reclama um tratamento especial, reivindicando nas suas especialidades, cochichar às esquinas, eliminar e trocar letras (auga), trocar o b pelo v (vonveiros, baca), do u pelo l (Maneu, carriu) ao que acrescenta uma ladainha rebelde que faz as delícias dos mais velhos – “inda`rebenta a castanha na boca ao istapor do cachupito”.

É verdade que quem conheceu Ílhavo e arrabaldes nos primórdios dos anos 70, um aglomerado essencialmente agrícola na periferia e um certo individualismo arrojado na procura de outros caminhos mais concentrados no centro, hoje poderá ter uma visão melhorada e até perceber que as comparações não são possíveis – a coesão urbana entre freguesias cresceu consideravelmente, alguma atividade industrial criada para propulsor da economia nunca obteve o êxito a que se propôs, o centro esmoreceu e a periferia resguardou-se no abandono, do que resulta uma deficiência estrutural que não oferece sustentabilidade na fixação temporal dos munícipes que e como muitos outros no passado são obrigados a procurar outros horizontes para sobreviver.

Ílhavo manteve durante muitos anos a urbanização estrelar (ao longo das ruas em forma de estrela), progredindo nos últimos anos de forma surpreendente para um conjunto mais coeso e homogéneo, destacando-se nesse desenvolvimento com singular propósito as muitas belezas naturais que sempre fizeram parte da paisagem escondida no anonimato da indiferença, ou que de forma abrupta procurou sobrepor-se à incúria humana, que por demasiado ocupada nos enredos, se esqueceu sempre de valorizar os segmentos naturais, que por pura sorte premiaram as terras desbloqueando os obstáculos com a força bruta que a própria natureza desencadeia – o serpenteio quer da ria quer do mar que abraça com enlevo todos os recantos, iluminando de claridade o horizonte plano, as vielas, os becos e os caminhos, sobrepõe-se à matiz urbana, formando um conjunto patrimonial de grande importância regional e que todos devemos ajudar a preservar com especial carinho.

Pena que a sustentabilidade das industrias (zonas industriais) pensadas para serem o motor de desenvolvimento e fixação das populações tenham somente atingido uma percentualidade mínima – reconhece-se no entanto que e a par da descentralização financeira do estado, ajudaram no impulso da modificação estrutural do Concelho, esperando-se que no futuro continuem a inovar,  desempenhando o papel primordial de dar trabalho a quem a ele recorre, insuflando sangue novo e abrindo perspectivas de futuro que resultem positivamente no complexo mundo da economia.

Ílhavo com ares de modernidade mas cercada de incertezas, espera que "o poder autarquico" e depois de requalificar a zona histórica da cidade, se empenhe  na dinamização dum conjunto empresarial que possa no futuro garantir a sustentabilidade financeira do Municipio e dos cidadãos que são em última análise a razão dos Ílhavos se reclamarem de especiais.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Chão de terra batida...

Os Orçamentos arquitetados pelos Estados são uma espécie de gamela transportada em camião de 14 rodados e que ao longo do caminho por falta de dinheiro vivo, vão tirando pneus para vender, suportando dessa forma as despesas para levar o Orçamento ao destino – tal habilidade orçamental como só pontualmente resolve os enguiços dum modelo estafado pelo sistema da “contabilidade de saco”, obriga a recorrer a impostos e mais impostos, mas como este sistema também não resolve, aplicam-se taxas e mais taxas e dum momento para outro e na falta de outra solução mais “engenheira”, os Estados que ainda se auto intitulam de democratas até à raiz dos cabelos, negam com empenho tudo o que ninguém exigiu em duplicado – supõe-se que por puro altruísmo, quiseram pontuar com inusitada desfaçatez incompreensível nos momentos do chamado sufrágio universal e perderam a cabeça – estradas, auto estradas, hospitais, escolas, universidades em cada esquina e um nível de vida de acordo com os valores da dignidade humana onde uma casa para todos, entre muitos outros prometimentos, eram pilares indestrutíveis nos mil anos que aí vinham e reveladores da criatividade divina que fazia adivinhar o palpitar com arritmias o coração do novo paradigma que riscaria do mapa a fatalidade dos portugueses serem com demasiada cronicidade um povo intrinsecamente campónio, paupérrimo, contrabandista e com o destino marcado na fuga para outros hemisférios sempre mais avançados e muito mais abastados – "os noir, os bidom ville, os tugas os Zé do garrafão" e outros epítetos e bem ao contrario de serem indicadores negativos ou ofensivos da dignidade portuguesa, marcam a raça que de todo certificam, não merecendo de modo nenhum serem “chefiados” por carradas de políticos arguidos que até ao “trânsito em julgado são inocentes”, mas que se condenados a maior parte das vezes não lhes acontece nada…

Todos compreendemos que temos direito à dignidade, mas não se compreende que alguns e por força dum estatuto astuto mas deserto de competência ética, nos force a pagar, vivendo a vergonha de voltar ao patamar que segue o chão de terra batida…

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aguaviva - Poetas andaluces (1975)

O MAR é um meio que espera racionalidade...

O sonho do mar a  abarrotar de peixe, não passa dum mito glorioso de outros tempos, onde a escravidão, o infortúnio e a morte marcaram o tempo que o relógio demorava a marcar os minutos, as horas, os dias os meses e os anos. Tudo não passa dum mero pressentimento enraizado na cultura dos “bravos” que desconheciam os limites, que podiam arrostar o tempo sem peias que decorria desde a saída do porto, que podia ser em qualquer ponto e com saída de qualquer lado. A saca de lona com haveres de trabalho iniciava o percurso e um comboio, uma bicicleta ou mesmo uma caminhada com chuços cardados a martelo comprados em qualquer feira transportavam o mancebo inexperiente até ao bojo do porão que no cais, qual cachorro vingativo, abanava as velas ao vento, esperando com curiosidade calculada a chegada dos mancebos que ingénuamente subiam as escadas do portaló, desconhecendo em absoluto por verdura na experiência, o destino guardado na sustentabilidade que o escritório sem remorsos desenhava.

A pesca indefinida, medonha e paga com mel coado e que muitos reclamam como sendo uma das saídas para a crise, esquecem que representa uma certa maneira de "ganhar" que se alavanca no essencial na completa destruição dos fundos e das maternidades que vão existindo por alguns cantos do mar prometendo um futuro negro e um mar muito incerto de certezas.

O mar pode ser uma alavanca única, não na pesca tradicional ou outra, mas sim naquilo que o engenho e a arte dos humanos possa desenvolver para colocar o mar ao serviço das artes piscícolas e que noutros lados são já uma fonte de exportação essencial para a sobrevivência dos postos de trabalho e da economia – retirar do mar o peixe, através de meios essencialmente desenvolvidos no “cultivo”utilizando o mar como parceiro, é um fim que os portugueses não devem esquecer, só que tal atividade requer conhecimentos e meios que as universidades tem de equacionar no curto prazo para que possa ter sucesso.

Se o mar se oferecer para atividades ancorados no conhecimento e deixar que o seu leito seja desbravado com inteligência prudente, então a pesca como foi subejamente conhecida deve desaparecer, não passando dum mero período negro de exploração desenfreada e empurrada por uma irracionalidade ambiental que deveria envergonhar quem “ não olha a meios para atingir qualquer fim".

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Não existe por aí ninguém que se assuma no controlo da Europa?

O Primeiro-ministro Grego merece atenção...

O homem atravessa o desfiladeiro numa corda suspensa e com requintes dum verdadeiro amola tesouras vai torneando os altos e baixos que a ventania endemoninhada gera á sua volta criando um vórtice que ninguém sabe como controlar, mas que todos adivinham onde vai causar prejuízos incontornáveis e gravíssimos – o “ zé povinho” como sempre está na primeira fila e se isto fosse uma guerra lá estaria à espera que o Generalato lhe desse ordens para marchar p´rá frente do teatro.

Dizem alguns que é tudo novo – depois da colonização e o seu contrário, entrou-se no euro com a certeza de que tudo estaria resolvido e que o Clube dos mais ricos do mundo abriria todas as portas com fanfarra, mesmo para os que eram, são e serão sempre malabaristas afortunados pelo azar da sorte – a “sorte protege os audazes” e o Primeiro Ministro Grego, vai ver-se grego para sair do atoleiro onde meteu o povo grego e muitos outros que nem sonham ainda com o que lhe vai cair em cima – o Primeiro Ministro Português como mandam as regras abandonou o barco à sua sorte e airosamente saiu pela porta dos fundos marcando residência na belíssima “cidade da luz” para “encornar” tratados filosóficos e com eles compreender o que fez de errado nos oito anos em que comandou os destinos da Nação Portuguesa – os que lhe seguiram e à primeira vista parece precisarem de ir estudar também filosofia porque a primeira medida de “poupança” que tomaram foi continuar o trabalho de esbulho salarial, esquecendo rapidamente as “gorduras” que vão desde Forças Armadas equipadas a rigor, figurões que ganham muito dinheiro com serviços prestados ao Estado e ao povo, aos que são pagos por trabalho que não é trabalho, de pessoal às toneladas a gastos sumptuosos, de regalias e mordomias de “arregalar os olhos” a projectos megalómanos que não passam de enredos de telenovela e outros como os elefantes brancos do tipo Porto de Sines e muitos outros que não têm pernas para andar, porque os espanhóis tudo farão para cercar a independência portuguesa – não se esquece a economia paralela que vive num oásis e dos traidores que se “vendem” a qualquer preço, da fuga aos impostos que chega a ser escandalosa e que por ironia até tem pontos nos radares – a saída para o mar, que se entende se fosse para fugir ao controlo espanhol ou para o transporte, piscicultura e recursos, esgota-se em discursos angelicais que anexados à falta de dinheiro para investir não será fácil retomar um caminho que foi de grande sucesso no passado – alguém barafusta dizendo que isto são amendoins, mas poder-se á contrapor que “ou comem todos o isco e c…. no anzol ou então todos comem aletria de Abrantes” e quando o tacho estiver rapado cada um que se atire ao destino…Portugal é um País extremamente parco de haveres e que até à data não deu nenhum indicio que possa um dia ser farto, por isso toda a contenção É ÚTIL.

O “ministro grego papandreou” que não pode ser escrito com maiúsculas por ser um exemplo de político, malabarista, imprevisível e bizarro na condução política, pode paradoxalmente transformar-se num catalizador que pode ajudar a derrubar “o muro” que não deixa que um verdadeiro Governo Europeu comande de vez a Velha Europa que está farta de percalços perigosos e de Forças Armadas que olham para o umbigo proclamando-se do alto da cátedra como sendo excelências intocáveis…