segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A raiz alentejana definha "a olhos vistos"






Grândola, Vila Morê.ê.na, é hoje uma amostra destemperada do que teria sido o "celeiro alentejano", impulsionado por trabalho árduo e conflituoso, ao tempo do 25 de Abril de 1974...



O Alto Alentejo, que irrigou de suor a ceara imensa durante gordos anos, derrama hoje lágrimas de saudade, no oliveiral manso que brota a céu aberto, sem charrua, sem focinha, sem debulhadora, sem capataz, sem latifundiário e sem alentejanos, que cantavam a falar para as gentes com transmutação eléctrica…

Quem percorre a auto-estrada nr 2 ou por saudade transita no IC 1 que liga o Algarve ao Norte e vice-versa, tentando encontrar “paisagem ou alentejanos genuínos”, fica desalentado com as mudanças, que a revolução sancionou e os “autarcas” perpetraram de consciência tranquila – o que era velho, deitaram abaixo, os sabores perderam-se na intriga com a mistura de que tudo vale e os costumes, por “antigos” tomaram outras formas com cintos arreados, saltos de partir costas e cuecas a saltar duma saia preguiçosamente engelhada e onde pontua com descaramento um elástico desfiado e foleiro – o sotaque quase desapareceu, a cavaqueira apagou-se e os ventos que sopram apesar de tudo ainda quentes, deixam uma réstia de esperança soturna, que pode descaracterizar e modificar uma região, que como a do Porto, deveriam ser consideradas por direito próprio, “ Património da Humanidade”.

O dr. Cunhal, verdadeira origem da rebelião popular e que deambulou por estes lados com objectivos defenidos, e onde Zeca Afonso com criatividade ímpar, desenterrou o hino da fraternidade após a “revolução”, dourando a liberdade, nada puderam fazer para estancar uma estafada sina de igualdade social ,que “mata a raíz ao pensamento”, manchando com matizes importadas a identidade das regiões com vitalidade natural – infelizmente e colocando em primeiro lugar uma ansiedade genética, “os ventos de mudança”, empurraram com estúpida oportunidade os alentejanos para outros saberes, outras linguagens e outras roupagens que por desajustadas na essência, fizeram florescer o carnaval do travestido, que faz rir, mas envergonha, quem se “sente”…

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