segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O MAR é um meio que espera racionalidade...

O sonho do mar a  abarrotar de peixe, não passa dum mito glorioso de outros tempos, onde a escravidão, o infortúnio e a morte marcaram o tempo que o relógio demorava a marcar os minutos, as horas, os dias os meses e os anos. Tudo não passa dum mero pressentimento enraizado na cultura dos “bravos” que desconheciam os limites, que podiam arrostar o tempo sem peias que decorria desde a saída do porto, que podia ser em qualquer ponto e com saída de qualquer lado. A saca de lona com haveres de trabalho iniciava o percurso e um comboio, uma bicicleta ou mesmo uma caminhada com chuços cardados a martelo comprados em qualquer feira transportavam o mancebo inexperiente até ao bojo do porão que no cais, qual cachorro vingativo, abanava as velas ao vento, esperando com curiosidade calculada a chegada dos mancebos que ingénuamente subiam as escadas do portaló, desconhecendo em absoluto por verdura na experiência, o destino guardado na sustentabilidade que o escritório sem remorsos desenhava.

A pesca indefinida, medonha e paga com mel coado e que muitos reclamam como sendo uma das saídas para a crise, esquecem que representa uma certa maneira de "ganhar" que se alavanca no essencial na completa destruição dos fundos e das maternidades que vão existindo por alguns cantos do mar prometendo um futuro negro e um mar muito incerto de certezas.

O mar pode ser uma alavanca única, não na pesca tradicional ou outra, mas sim naquilo que o engenho e a arte dos humanos possa desenvolver para colocar o mar ao serviço das artes piscícolas e que noutros lados são já uma fonte de exportação essencial para a sobrevivência dos postos de trabalho e da economia – retirar do mar o peixe, através de meios essencialmente desenvolvidos no “cultivo”utilizando o mar como parceiro, é um fim que os portugueses não devem esquecer, só que tal atividade requer conhecimentos e meios que as universidades tem de equacionar no curto prazo para que possa ter sucesso.

Se o mar se oferecer para atividades ancorados no conhecimento e deixar que o seu leito seja desbravado com inteligência prudente, então a pesca como foi subejamente conhecida deve desaparecer, não passando dum mero período negro de exploração desenfreada e empurrada por uma irracionalidade ambiental que deveria envergonhar quem “ não olha a meios para atingir qualquer fim".

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