quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Os "zé-ninguém" são cada vez mais e tudo fazem para o ser...

Antes sabia-se, calculava-se e por vezes até se adivinhava para onde fluía o mundo recheado de milhões e mais milhões de gente sem alicerces que na corrente encontravam sempre algum “ porto de abrigo” por mais remoto que este estivesse…

Hoje fazer ou tentar fazer um exercício mental para seguir o rasto para onde confluem as pessoas, o espetáculo é deprimente – nas grandes cidades ou nos aglomerados mais encorpados os que labutam com o fim à vista sentem-se abandonados, ou, nem se sentem porque a máquina que estava apoiada no entroncamento do pescoço labora agora com muito atraso e o cérebro minora o sofrimento enfraquecendo automaticamente os sentidos, que ficam prostrados numa modorra letárgica que anuncia o corte definitivo com o cordão umbilical – os coitados dos circundantes e que ainda possuem a chama a funcionar na sofreguidão de encontrar meios para sobreviver nem reparam se o conterrâneo esquecido debaixo da soleira da escada e que está forrado de papelões está a pensar, a dormir ou se já morreu congelado no frio do Inverno – os outros que se afastam dos centros urbanos espiando os “pecados” nos cerros e nos montes, não querem saber do que se passa do outro lado e vivem parados no tempo dos ancestrais, pois foi ali que nasceram, não querendo conhecer o mar, as praias, os comboios, os aviões, as televisões, os computadores, indo ao ponto de se sentirem agoniados, quando ouvem os doutos a relatar como um jogo os raciocínios de como sair da crise…mas que crise se lá nunca chegou o dinheiro, a água ou a  eletricidade…?

Quando se tenta comparar as vidas dos “zés-ninguém” que cada vez são em maior número e dos outros que vivem rodeados de estratégia global, que ganham montes de dinheiro para pagar o que a sua imaginação proclama, alguma coisa se revela como um novelo intrínseco que habita no sítio mais recôndito do ser humano que comanda sem falhas do interior os caminhos tortuosos que conduzem ao poder absoluto, subjugando todos os miseráveis que murcham logo que nascem numa espécie de labirinto de onde não sairão mais…

…trabalhar e comer para não morrer no dia em que nascem…

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