sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Coragem era diminuir a despesa do Estado: aumentar impostos é uma incompetência que doi


ORÇAMENTO, o preço de “cigano para ciganos”

A pantomina do orçamento, sem estar por impossibilidade prática marginado com regras comprovadas, é um chorrilho de escapatórias para fugir à realidade e todos os atalhos são bons desde que permitam proteger o resultado. E qual é o resultado, é aquele que num primeiro momento soluciona a (in) competência, apesar de se saber com antecedência, que num outro tempo e depois das derrapagens é necessário reformular a (in) competência com um novo orçamento rectificativo ou com a queda do governo. Alinhavar um orçamento que vai pelo aumento dos impostos sabendo-se que existe despesa improdutiva e repetida espalhada pelo País, é uma afronta ao povo que noutros tempos teria um resposta adequada. A (in) competência surge finalmente clara e precisa, quando o deve e o haver se confronta com a ponta duma caneta e um cérebro impetuoso afogado em lascívia política, que num golpe de inteligência negativa conjuga os factores de equilíbrio, aparelhando uma junta de bois com cornos que não encaixam na canga – o remédio para solucionar o problema de incompatibilidade é cortar os cornos, só que a canga e depois do encaixe, fica laça e com o esforço para movimentar a carroça colada ao barro, os bois derrapam, não conseguindo que a carroça se desloque para vencer a inércia – se a carroça por acaso fosse uma ponte, o esqueleto da cofragem não suportaria as toneladas de cimento e ferro que o projeccionista tinha calculado, garantindo antecipadamente na mesa de trabalho o colapso antecipado da estrutura – em terra a carroça não se mexe e no ar a ponte desaba, arrastando os incautos para a morte – nas condolências e conforme o desaforo comparecem o ministro da tutela que pesarosamente e com riso cinzento, promete uma indemnização provisória e com certeza um inquérito ao desastre que nunca mais se voltará a repetir – este é, com normalidade arrepiante, o cenário certo dum desastre anunciado e de promessas de estabilidade que nunca serão cumpridas por ninguém.

No “res, non verba” (mais acções e menos palavras), o ufano corporativismo encrostado na defesa de classe profissional desresponsabiliza o projeccionista – por incompetência ou sofisma calculado para permitir acerto de contas – o regulador e o estado, de imediato desenham uma cadeia de pressão solidária para ilibar responsabilidades directas ou indirectas dos executantes e um inquérito salvador que nunca mais terá fim irá desaguar invariavelmente na imputação de encargos ao povo, que sem meter o “dedo na estopa” acaba por ser o último condenado dum suplício eterno que inferniza os fins de linha de cada um no seu lugar de nascimento – o problema da triste sina portuguesa não é o espaço físico chamado Portugal, mas o cromossoma que nos faz voltar à origem de “ciganos sem igual”.

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