segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Só um Povo excepcional podia desbravar e garantir a soberania das fronteiras...





Sem a força extraordinária dalguns portugueses, não seria possível que o intelecto percebesse o presente, quanto mais o futuro…

Portugal é um pequeníssimo país e acredita-se que de grande alma e fibra temperada na fornalha das dificuldades constantes, porque sabe-se que o povo que o forma, sem margem para qualquer dúvida é esperto, corajoso, persistente, resistente e com índices de assimilação altas, mesmo em ocasiões de grande fragilidade. Sem estes atributos, não teria sido possível ter “oferecido” ao Brasil, Angola e Moçambique as imensas fronteiras que possuem, para além evidentemente da fundação de pequenos enclaves e pequenos países espalhados um pouco por todo o mundo. Alguns procuram sempre estudar e classificar os portugueses de acordo com o que fizeram de mal, comeram, beberam e estudaram. O “ zé-povinho”, imortalizado por Bordalo Pinheiro e que pode ser o tal do (queres fiado, toma), ou ainda o tal pequeno camponês com tonalidades do vinho tinto no nariz, com o guarda-chuva preso na casaca e com o papel da décima na mão, são imagens brejeiras, que não qualificam os portugueses, antes os enaltecem como gente simplória mas bem preparada para o trabalho físico e que olha sempre o dia a dia como se este fosse o último. Ao contrario destes expedientes publicitários e que marcaram épocas, os portugueses em geral, são resistentes, espertos, manhosos e acima de tudo são pessoas que se adaptam com grande velocidade aos acontecimentos, mesmo não tendo os conhecimentos necessários de que outros não prescindem – os portugueses em geral são pessoas de trato afável mas também imprevisíveis e violentos, que quando desafiados pela desconfiança ou pela lei da sobrevivência se colocam na primeira fila dos melhores dos melhores e arriscam com facilidade a própria vida, aventurando-se no mundo onde quer que ele esteja – estes portugueses a rodopiar na área da existência primária existem e proliferam no húmus das terras, das gentes e dos sistemas, não sabem o que é” beber chá em criança”, nunca tiveram meios para se valorizar no que quer que fosse (e eles não esquecem isso), como outros conterrâneos que embora não tivessem sucesso constante nas suas actividades de preparação, tinham sempre a dona complacência protectora coligada a um estatuto sempre paternalista e que, quer quisessem quer não, havia sempre disponível um refúgio seguro e impenetrável “junto às tábuas”, tornando-os “mansos” e esses, são, os tais portugueses em particular que estão adaptados ao sistema, por isso são os mais beneficiados e por razões de análise mas não de sectarismo, estão excluídos deste pequeníssimo exercício – portugueses sem qualquer tipo de formação profissional nos últimos anos prosseguiu até às últimas consequências com a liquidação das escolas Comerciais e Industriais ( as tais escolas para pobres) e inexplicavelmente aqueles que deveriam responder por tal desvario neste particular desmantelamento educacional continuam a “monte”, aliás como outros que destruíram sectores inteiros da frágil economia portuguesa e hoje refastelados nas poltronas continuam a ditar “bitaites” e a redefinir o que ajudaram a destruir.
È verdade que numa época em que havia conhecimentos de construção naval, muita mão-de-obra bruta (as mãos calosas e armadas de musculatura dos serradores das vigas das caravelas, eram iguais às mãos dos escaladores e salgadores da pesca do bacalhau e iguais às daqueles que para abrir caminho na mata cerrada usavam catanas ou ainda iguais às mãos dos que abriam grutas nas minas ou buracos na construção das estradas à força de pá e picareta) e conhecimentos muito limitados sobre o que estava em jogo era fácil arrebanhar para o trabalho um segmento populacional pouco ou nada esclarecido e sem qualquer capacidade para esgrimir qualquer tipo de beneficio – coincidindo com o tema dos “ novos mundos” que outros trouxeram para o tabuleiro da aventura, um sexto sentido na realeza faz sentido e pode revelar-se a chave do sucesso dos portugueses nas descobertas – os portugueses desde a independência tiveram sempre “um olho no burro e outro no cigano” daí que e sabendo que depois dos mouros afastados, existia terra a sul depois de ultrapassado o mar, o “olheiro” sempre manhoso, deve ter percebido sem dificuldade que o “mundo” se estenderia muito para além do pequeno apêndice conquistado aos infiéis. Uns, dirão que a historia está mal contada e que os portugueses apenas se limitaram a fazer o que os deixaram fazer, no entanto e fazendo a comparação possível, só um grande povo sobrevive num conclave político onde cada um é melhor e mais desconfiado que o outro e onde é sabido que os “ louros” de obra feita, é sempre para quem se “coloca” no comando; só um povo extraordinário aguentaria as condições de vida a bordo duma pequeníssima nau onde acontecia de tudo, desde um “comando” brutal de grilhões, chibatadas e julgamentos sumários, passando pela apropriação física das tripulações condenanda-os sem dó nem piedade a trabalhos duma dureza inimaginável para não falar das inexistentes condições de saúde mental e física que eram usuais nestes tempos onde “alguns humanos” não eram nem podiam ser considerados pessoas iguais às outras. Quem estudou a grande saga dos descobrimentos descobre com facilidade que não se conhece quase nada, nem datas de nascimento, nem filiação, nem origens, nem destinos daqueles que sem a sua força hercúlea não teria sido possível descobrir, construir, conquistar ou ir mais além – infelizmente só se conhecem alguns dirigentes, alguns, muito pouco descritos, sendo todos os outros obreiros duma epopeia, excluídos e apagados da história no que à epopeia dos descobrimentos diz respeito – nos dias de hoje passa-se tudo da mesma maneira, embora se reconheça que começa a existir alguma sensibilidade pela descrição do cadastro dalgumas actividades onde a vontade férrea e a força do trabalhador desconhecido foi e é ainda insubstituível – a vergonha de se enaltecerem sempre os mesmos deve ter pesado e ainda bem, porque assim atenuou-se a pouca vergonha da usurpação dos acontecimentos em proveito próprio e do auto-elogio que de tão egoísta ainda plana baixinho e é usufruto feudal – não se sabe quem é mais importante, se marinheiros que comem a “ração”, dormem no “ninho do cão”, são escravizados em trabalhos forçados por “superiores”, não têm horário e são punidos por tudo e por nada com requintes de malvadez e absoluta prepotência, içam a pulso velas gigantescas para “apanhar” o vento, ou quem se limita a constatar factos que a simples experiência qualificada num pequeno “canudo”certifica.
Portugal, teve sempre gente que utilizou a sua força bruta por falta de igualdade nos tratamentos e porque em última análise esta era a única mais valia que possuía, o inacreditável é que outros bem mais nivelados, experientes e ao serviço dum desígnio particular bem pensado e bem redigido, se apropriaram dum meio inultrapassável e que sem ele, todas as campanhas seriam inexequíveis e estariam condenadas ao fracasso – a isto chama-se descaramento ético com usurpação de direitos e cimenta muitas das dúvidas e invejas que dividem os portugueses – os portugueses, não são todos iguais embora alguns líricos que nem cantar sabem, reclamem com denodo para o clã os louros duma visão social global para a qual eles próprios não têm plano, nem visão global, nem solução – todas as desigualdades se resolveriam com contribuições objectivas de verdadeira e sincera solidariedade universal, mas muitos que incansavelmente perseguem tal caminho raramente “cantam vitórias sectoriais” porque reconhecem existirem obstáculos globais inultrapassáveis e que o futuro com o evoluir dos acontecimentos irá sem rebuço caucionar.
A todos os que utilizaram a sua força em “obras faraónicas”e muitos deles deram a vida por factos e acontecimentos que pertenciam inequivocamente a outros interesses, vai esta pequeníssima lembrança que certamente será absorvida na voragem dos tempos que como todos sabemos, não se compadece com pormenores insignificantes.
Também as fotos acima são uma pequena homenagem a todos os que de forma desconhecida e extrema, trabalharam na pesca (escrava) e combateram no ex-ultramar português, com prejuízo da própria vida, ao serviço de valores históricos existentes à data e que por razões conhecidas da história se negaram discutir.

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