Quando chegamos ao porto de Luanda, percebemos finalmente que Angola não era uma terra atrasada e entendemos a razão da guerra - tanta beleza só podia gerar inveja...
A Baía de Luanda, a Ilha do Mussulo, à noite era uma coisa do outro mundo...
O Porto de Luanda em 1965 em Angola era moderno e a Baía de dia era também um sonho...
Chegada e partida do Grafanil…um entreposto militar...
No Grafanil, dormimos ao relento em burros de campanha durante mais ou menos uma semana e éramos alimentados por marmitas que íamos buscar aos fogões de campanha - todos desejávamos a saída dali, porque para além de não ser um local simpático, a estadia era dura atendendo ás condições higiénicas que eram muito más...a maior parte, passava a noite na conversa, na garotada a fumar e a beber cerveja...nessa altura também fumava...por estas alturas os aerogramas ou papa milhas, que eram gratuitos, voaram para o "puto" aos milhões - por esta altura pareceram as madrinhas de guerra...
O Porto de Luanda em 1965 em Angola era moderno e a Baía de dia era também um sonho...
Chegada e partida do Grafanil…um entreposto militar...
No Grafanil, dormimos ao relento em burros de campanha durante mais ou menos uma semana e éramos alimentados por marmitas que íamos buscar aos fogões de campanha - todos desejávamos a saída dali, porque para além de não ser um local simpático, a estadia era dura atendendo ás condições higiénicas que eram muito más...a maior parte, passava a noite na conversa, na garotada a fumar e a beber cerveja...nessa altura também fumava...por estas alturas os aerogramas ou papa milhas, que eram gratuitos, voaram para o "puto" aos milhões - por esta altura pareceram as madrinhas de guerra...
Finalmente a hora da partida chegou e o movimento
das viaturas “berliet” destinadas a transportar todo o tipo de material, os
jipes e os unimogues para os pelotões que tinham na caixa da viatura uma
estrutura em madeira que permitia ao soldado estar sempre voltado para a picada
de ambos os lados, alinhou-se ao longo da estrada e a coluna lentamente
colocou-se em marcha – enquanto a estrada era sofrível no alcatrão, tudo se
ultrapassava com normalidade, embora se notasse aqui e ali uma tensão nos
olhares que exprimiam um bom sintoma - estavam todos em alerta máxima e isso era o ideal – todos estávamos preocupadíssimos e isso
era essencial para se enfrentar o que não conhecíamos – como “cuidados e caldos
de galinha nunca fizeram mal a ninguém” e “ o seguro morreu de velho e o
desconfiado ainda hoje é vivo”e embora pudesse ir na cabine, escolhi a caixa
duma berliet que ia a meio da coluna que na altura ia atafulhada com todo o
tipo de material – foi uma solução que sempre escolhi, porque sempre pensei que,
sendo um interveniente pertencente à administração militar e não tendo que
fazer parte de qualquer estratégia dos 4 pelotões da Companhia, sabia que a
cabine das viaturas era o alvo dos primeiros tiros para obrigar a coluna a parar,
iniciando-se dessa forma a tática de colocar na “zona de morte” o maior número
possível de viaturas – percorri milhares de km no Norte de Angola na Província do Zaire, porque
sendo vagomestre da companhia tinha de fazer centenas de km, algumas vezes, duas vezes por
semana para reabastecer de alimentos a Companhia e aos quais nunca me neguei,
podendo fazê-lo – outras vezes o inimigo escolhia o jipe com a breda, porque
sabia que daí vinha a principal resistência à sobrevivência na emboscada… também os militares
instalados nos unimogues e que tinham visão para os dois lados eram alvos a
abater, porque estes e reagindo como deveria ser ao primeiro sinal de perigo,
saltariam para as bermas e colocariam em cima do inimigo as granadas defensivas
que transportavam no cinto e por isso e estrategicamente o inimigo procurava
neutralizar os pontos fortes da coluna…como a coluna tinha pontos fracos e mais ou menos fortes,
sempre pensei que a penúltima berliet seria o local mais seguro até porque a
fechar a coluna ia sempre um uinimogue com vários combatentes prontos a entrar
em ação e que podiam ficar fora da “zona de morte” rodear rapidamente o inimigo
por detrás, anulando ou diminuindo mesmo, a intensidade do ataque e permitindo
reação às tropas, entretanto apanhadas na zona, onde os guerrilheiros inimigos
estavam emboscados e à espera duma oportunidade… a palavra “emboscada” causava
medo e suores frios e não raramente, colocava o combatente em sentido…eu tinha estudado e ouvido com muita atenção tudo o que dizia respeito a emboscadas e sabia que essa era uma situação a evitar e que, quando acontecesse, teria de haver uma escapatória...
Foi no Grafanil que tomamos
conhecimento com os “ papa-léguas” ou aerogramas gratuitos e isso foi uma boa novidade para toda a gente - escrevíamos para todos os lados e arranjamos “madrinhas de
guerra” que ajudavam a mitigar o principio da saudade...
continua nr. 7
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